Se há algo que deixa os pais aflitos e apreensivos é o choro constante do seu bebê. Como a capacidade de verbalização e mesmo os reflexos motores não estão desenvolvidos, saber o motivo de um choro vira um jogo de adivinhações. Como saber se aquele choro é ou não de dor?
“O bebê pode chorar por diversos motivos diferentes, então realmente é complicado definir se o que ele está sentindo é algum tipo de dor ou apenas fome, frio, ou alguma condição de desconforto. Nessas horas o que sugerimos, mais do que adivinhação, é fazer uma listagem de possíveis causas do choro e eliminar uma a uma. Caso nada conforte o choro, a possibilidade de ser alguma condição clínica ou uma determinada dor é alta”, explica Gislaine Kmieczik, enfermeira da UTI Neonatal do Hospital Santa Catarina (HSC) e integrante do Grupo de Dor da mesma instituição.
Gislaine lista, em ordem crescente, alguns dos itens que devem ser observados quando a criança chora por muito tempo:
Sinal verde
• Condições relacionadas com conforto
O bebê pode estar reclamando de algo específico: a posição no berço é ruim naquele momento, ele pode querer colo – ou seja, ficar em uma posição mais vertical – ou ainda estar sentindo frio ou, mais frequentemente, calor (pois os pais podem exagerar nas roupas, mesmo em dias quentes). Basta deixá-lo mais confortável e o choro cessa.
• Alimentação
Os bebês se alimentam constantemente a cada 2 ou 3 horas, e esquecer uma refeição ou então uma mudança de um determinado horário e mesmo a falta da mãe durante a alimentação (durante o período de interrupção do aleitamento em que a mãe reassume responsabilidades profissionais, por exemplo) podem causar algum desconforto emocional ou fisiológico nos bebês. Basta começar a ser alimentado que o choro deverá cessar.
Sinal Amarelo
• Alteração do sono
Falta de sono deixa os bebês irritadiços e essa irritação se traduz em choros. Observar se houve alguma alteração no sono noturno ou nas sonecas durante o dia é importante para saber o que pode estar irritando-o. Caso não haja nada fora do comum interrompendo o sono do bebê – como pessoas estranhas na casa ou barulhos diferentes do dia a dia –, é hora de acender o sinal amarelo. Se após dormir o bebê continuar chorando, é bom ficar atento: alguma condição clínica pode estar se instaurando e a alteração do ritmo de sono é decorrência disso.
• Cólicas
Como o trato digestório está se desenvolvendo nos primeiros meses de vida, as cólicas são muito comuns. Um banho, uma compressa de água quente no abdome ou mesmo massagens na barriguinha devem cessar o desconforto.
• Febre
Se há febre, algo está ocorrendo no organismo. Pode ser uma condição passageira – que dure poucas horas –, mas também pode ser uma situação mais complexa. Acompanhe as variações de temperatura e peça auxílio ao pediatra.
Sinal vermelho
• O choro não cessa quando alimentado ou quando se muda a posição dele no berço, o sono não está regulado, há febre e mais nada conforta o bebê, é hora de atenção redobrada. Ele pode estar sentindo alguma dor fora do comum – como alguma inflamação no ouvido, por exemplo – e é bom ligar para o pediatra e confirmar a necessidade de ir ao pronto-socorro infantil mais próximo. “É bom lembrar os pais que não se deve medicar as crianças antes de falar com o pediatra. Só o médico pode indicar esse tipo de intervenção farmacológica”, avisa Gislaine.
Outros sinais que devem ser observados nos bebês que não cessam o choro por algum motivo e que podem estar sofrendo com a dor, de acordo com a especialista:
• Sinais comportamentais
- Rosto contraído ao chorar
- Movimentos constantes dos braços e pernas
- Gemido, mesmo enquanto dorme
• Sinais fisiológicos
- Febre
- Sono que não sai do nível de vigília (não dorme profundamente)
- Respiração mais rápida
- Canseira
- Nível de atividade abaixo do normal
- Mal-estar, falta de apetite
- Frequência cardíaca alta
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