Você mudaria se ganhasse na loteria?

By | sexta-feira, março 18, 2011 Leave a Comment

O que você faria se ganhasse na loteria? 
Largaria o emprego de uma hora para a outra, gastaria rios de dinheiro em luxos desnecessários e talvez se tornasse um milionário isolado do mundo, nadando nas praias da sua própria ilha.
Uma pesquisa feita na Suécia, entretanto, aponta que esses casos podem até acontecer, mas não são regra geral. A maioria das pessoas que ganham grandes prêmios em dinheiro de uma hora para outra continua com suas vidas normais, consumindo de forma prudente e tentando não se mostrar donas de uma conta de banco com um saldo estratosférico.
O estudo de Anna Hedenus, da Universidade de Gothenburg, diz que a crença em mudanças repentinas, dramáticas e radicais – especialmente na vida profissional – é algo que reflete os desejos imediatos de consumo dos indivíduos e o pensamento generalizado de que o trabalho é algo que somos obrigados a fazer e não algo que envolve prazer.
Mas o estudo de Hedenus, envolvendo mais de 420 ganhadores da loteria, procurou informações sobre como essas pessoas viam seus afazeres profissionais e as horas de lazer antes e depois de ganharem um grande prêmio. Além disso, a pesquisadora buscou informações sobre os seus hábitos de consumo e sobre modificações na noção de identidade desses ganhadores. E as escolhas que essas pessoas fizeram ajudaram Hedenus a compreender como as pessoas valorizam – ou elencam a importância – de certas facetas da vida cotidiana.
Melhor poupar para gastar depois
“Algumas pessoas entrevistadas diziam que o valor de um prêmio de loteria não era tanto dinheiro assim e que os valores não cobririam as necessidades delas pelo resto da vida. Mas essa afirmação mostra como as pessoas priorizam certas áreas da vida. Para esses indivíduos, a segurança de ter uma reserva monetária para o futuro era mais importante do que ter uma grande mudança por um período curto”, diz a pesquisadora.
Curiosamente, essa foi a resposta de boa parte dos ganhadores. Apenas uma pequena parte desses indivíduos usou o dinheiro para se dedicar menos tempo ao trabalho. Entretanto, o valor do prêmio também influenciava nessas escolhas.
Quanto maior a soma do dinheiro ganho, maior a possibilidade dessas pessoas agirem de forma inversa à maioria dos entrevistados, ou seja, a se dedicar menos ao trabalho. Curiosamente, essas pessoas não deixavam o trabalho, mas optavam por um estilo mais “tranquilo”, faltando mais e fazendo menos horas extras.
Para a pesquisadora, isso indica que o contato social, a estruturação de uma rotina diária e a sensação de satisfação com o que faziam como profissionais era importante para a construção da identidade dessas pessoas.
Consumir, mas sem mudar a própria identidade
Quanto ao consumo, os ganhadores de loterias tinham uma visão paradoxal sobre a questão. De um lado eles desejavam se tornar grandes consumidores de produtos e serviços. Mas ao mesmo tempo, a ideia de consumir os produtos errados ou de gastarem mais do que tinham e comprometer seu futuro econômico os preocupava.
Paralelo a isso, os entrevistados também tinham medo de que o consumo excessivo afetasse de alguma forma sua vida social e que as outras pessoas achassem que eles haviam mudado. O estilo de vida desses ganhadores e o ambiente social antes da sorte bater à porta era um fator decisivo para que esses indivíduos escolhessem o que fazer e como consumir após se tornarem “milionários”.
E se alguém tem dúvida sobre se o dinheiro trouxe felicidade a essas pessoas, Hedenus afirma que sim. O sentimento de felicidade e o aumento da sensação de segurança, liberdade e independência que o dinheiro traz são indicados como algo bastante positivo pelos sortudos ganhadores da loteria.
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com informações da University of Gothenburg

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