Homens utilizam agressividade como forma de reforçar masculinidade

By | terça-feira, maio 17, 2011 Leave a Comment
A masculinidade é social, não biológica. Isto é o que afirma um estudo feito por pesquisadores da Universidade do Sul da Flórida, nos EUA. Segundo os autores, a masculinidade é um status “precário” difícil de conquistar e fácil de perder. E quando os homens se sentem ameaçados em sua masculinidade, eles veem a agressão como a melhor maneira de defendê-la.

Segundo os autores Jennifer K. Bosson e Joseph A. Vandello, a identidade sexual normalmente incluída nas “questões de gênero” é algo determinado socialmente. “E os homens sabem disso. Eles se preocupam muito sobre como outras pessoas os veem”, diz Bosson. “E, quanto mais preocupados com o assunto, mais eles irão sofrer psicologicamente quando sentirem que sua masculinidade foi violada”.
Para chegar a estas conclusões, Bosson e Vandello realizaram uma série de estudos onde os participantes – todos homens – foram incitados a se comportarem de forma feminina. Enquanto alguns trançaram os cabelos, outros fizeram tarefas mais masculinas ou neutras.
A seguir, foram dadas opções para que eles escolhessem a próxima tarefa. Todos aqueles que trançaram o cabelo preferiram a tarefa de dar socos em um saco de treinamento de boxe do que montar um quebra-cabeça, por exemplo. E, quando todos foram esmurrar o saco, aqueles que trançaram os cabelos deram socos com muito mais força do que os outros.
Em um teste posterior, quando os que trançaram o cabelo não tiveram a oportunidade de dar socos, todos mostraram um maior nível de ansiedade. Segundo os autores, a agressão é uma “tática de restauração da masculinidade”. “Quando os homens usam esta tática da agressão, ou a levam em consideração, eles tendem a sentir que foram obrigados por forças externas a fazê-lo”.
Em outro teste, os pesquisadores entregaram a homens e mulheres um relatório policial simulado, no qual um homem ou uma mulher batia em alguém do mesmo sexo, depois de a pessoa tê-la provocado, insultando sua masculinidade ou sua feminilidade. A seguir, perguntaram: por que esta pessoa se tornou violenta?
Quando o protagonista era uma mulher, ambos os sexos atribuíram o ato a traços de caráter, tais como a imaturidade. As mulheres também afirmaram isso sobre os agressores do sexo masculino. Mas quando o agressor era um homem, os homens creditaram em peso a reação ao fato de que ele teria sido provocado – a humilhação forçou-o a defender a sua masculinidade.
“Curiosamente, as pessoas tendem a sentir que a masculinidade é definida por realizações, e não pela biologia. A feminilidade, por outro lado, é vista principalmente como um estado biológico”. Segundo os autores, por este motivo, a masculinidade pode ser “perdida” por transgressões sociais, ao passo que a feminilidade é “perdida” apenas por mudanças físicas, como a menopausa.
E quem julga a masculinidade tão rigorosamente? “As mulheres não são as principais punidoras das violações do papel de gênero”, diz Bosson. “São os outros homens.”
Bosson acredita que o estudo dá provas psicológicas a teorias sociológicas e políticas que afirmam que o gênero é um fenômeno social, não um fenômeno biológico. “E isso começa a transparecer sobre os efeitos negativos que a questão de gênero exerce sobre os homens, incluindo a depressão, ansiedade, baixa autoestima e violência”, conclui.
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com informações da Association for Psychological Science


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