O autismo (ou transtorno do aspecto autista) é um transtorno que afeta uma em cada mil crianças em todo o mundo. Sem uma causa definida – não tem marcadores biológicos objetivos, como variações genéticas – o problema também não é facilmente reconhecido, pois não há traços físicos que indiquem o transtorno (ao contrário de outras síndromes, como a de Down). A falta de comunicação e de contato social são os maiores indicadores de que a criança possa sofrer desse transtorno.

Comunicação afetada
As principais áreas afetadas nas crianças com autismo é a comunicação e a interação social. “As crianças autistas se isolam, não se comunicam efetivamente e têm grande dificuldade de manter contato visual com outras pessoas. O próprio nome ‘autismo’ quer dizer isso: em si mesmo, ou seja, uma pessoa que se isola no seu próprio mundo”, diz Julianna.
Outras características desses indivíduos são estereotipias – maneirismos – bastante conhecidas da maioria das pessoas: movimentos motores repetitivos sem função, como balançar o tronco ou as mãos. “Esses maneirismo causam algum bem-estar nesses indivíduos, que os repetem constantemente”, explica a especialista. Outras características apontadas por Julianna é a falta de medo – eles não pressentem o perigo de alguma ação iminente, assim como parecem não sentir dor –, a agressividade contra si mesmo ou contra terceiros e, dependendo do indivíduo, hiperatividade ou hipoatividade acentuada.
Nível intelectual também é afetado
“Cerca de 80% dos indivíduos com autismo também têm algum déficit intelectual”, observa Julianna. Em compensação, também há casos em que o nível intelectual é acima da média. Nesses casos a memória é excepcional, mas focada em assuntos de interesse específico. “Essa variação do espectro autista é chamada de Síndrome de Asperger”, explica. Mas mesmo com a inteligência acima da média, os problemas de comunicação ainda são presentes nesses indivíduos.
Desafio em pesquisar o assunto
A complexidade do assunto e a demanda desse público específico de pacientes com autismo, e seus cuidadores, levou os profissionais da Avape a reunir uma equipe multidisciplinar buscando uma melhor compreensão sobre o tema. A ideia é fomentar a pesquisa sobre o tema e, consequentemente, auxiliar a população. Um dos principais trabalhos é a validação – adaptação e avaliação – de escalas usadas em outros países para diagnosticar o transtorno.
“A principal ideia do grupo é estudar o autismo, um dos transtornos mais difíceis de serem diagnosticados, devido à inexistência de marcadores biológicos e à frequente combinação com outros diagnósticos, tanto na parte teórica quanto na prática”, afirma Claudio Gomes, médico assessor clínico da Avape.
Benefícios para a população
Para a população com autismo, o principal benefício desta parceria é obter um diagnóstico correto e precoce na medida em que se ampliam as possibilidades de aplicação de testes e inventários, além de um melhor direcionamento para o tratamento e prognóstico. Já para os profissionais envolvidos, a problemática proposta pelo grupo contribui com a divulgação do tema, pois o maior acesso às informações colabora com o aperfeiçoamento e conhecimento de instrumentais de avaliação, bem como de diretrizes para o tratamento.
Um dos resultados provenientes da parceria entre a Avape e a USP é uma cartilha para auxiliar pais e cuidadores no diagnóstico e entendimento do autismo. O manual expõe as principais características de diagnóstico do transtorno que podem ser observadas pelos pais e cuidadores desde a primeira infância. “A história aborda o que é o autismo e como diagnosticá-lo precocemente”, explica Gomes.
A cartilha será entregue para famílias e cuidadores de autistas atendidos pela Avape e também será disponibilizada na internet para download na página da Organização (www.avape.org.br). As próximas edições falarão dos modos de tratar, estimular e incluir o paciente com autismo na vida familiar e social.
por Enio Rodrigo/oqueeutenho.uol.com.br
por Enio Rodrigo/oqueeutenho.uol.com.br
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