Um estudo que acompanhou os dados de três gerações de famílias nos EUA mostra que uma “criação positiva” – que inclui relações cordiais, acompanhar as atividades das crianças, envolvimento e regras disciplinares claras – não somente trouxe impactos positivos nos filhos jovens e adolescentes, mas na forma como estes, depois, cuidavam de seus próprios filhos.
No primeiro estudo desse tipo feito até hoje, David Kerr, da Universidade Estadual do Oregon, e seus colegas, aplicaram questionários em 206 meninos que tinham atitudes classificadas como limítrofes à delinquência. Esses meninos e suas famílias foram sendo acompanhados pelos pesquisadores durante mais de duas décadas.
O estudo se iniciou quando a média de idade dessas crianças era de 9 anos (em 1984) e terminou quando atingiram 33 anos. Enquanto cresciam e se relacionavam, as famílias constituídas por esses indivíduos também começaram a ser acompanhadas e fazer parte do estudo.
Dessa forma, os pesquisadores conseguiram entender como as experiências de infância, em homens, influenciavam a criação de seus filhos. “Esse estudo é especialmente interessante, pois já havia se identificado os processos em que comportamentos de risco e falta de cuidados dos pais podiam se perpetuar pelas gerações seguintes”, diz Deborah Campaldi, outra pesquisadora envolvida com o projeto, “mas esse estudo demonstrou claramente que há outra possibilidade, que é o desenvolvimento positivo duradouro.”
Kerr afirma que a ideia geral é que as pessoas aprendem as formas de cuidar de crianças observando como agiram seus pais, ou seja, uma ligação direta entre a experiência pessoal na infância e como uma pessoa agiria ao se tornar pai ou mãe.
O estudo mostra que os maus hábitos de criação na verdade não se transmitem via observação, mas no fato de que, quando se é um pai relapso, os filhos adolescentes desenvolvem problemas de comportamento. Ou seja, ao ser tratado com ódio e ameaças, o adolescente vai repetir esse comportamento com professores, amigos e, mais tarde, com os filhos. Nas crianças acompanhadas, ao se depararem com regras de conduta mais claras, com o envolvimento dos pais e desenvolvendo o diálogo, elas tendiam a ter melhores relações com seus amigos, serem mais comprometidas com os estudos e desenvolver uma maior autoestima.
“O estudo mostra a importância da prevenção, nesses casos, que deve ser entendida como algo amplo, além do indivíduo. O que vemos é que as mudanças dos pais, no cuidado e trato com crianças, pode afetar não somente seus filhos, mas chegar aos seus netos”, finaliza Kerr.
informações da Oregan State University
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