Pesquisadores da Universidade College London, na Inglaterra, em colaboração com a Universidade de Aarhus, na Dinamarca, dizem ter identificado uma área do cérebro relacionada à sensação de “recompensa” e que responde positivamente quando alguém concorda com nossas opiniões. O estudo, publicado no periódico Current Biology, sugere que é possível que as pessoas sejam influenciadas pela opinião alheia graças a esse mecanismo.
O estudo, liderado por Chris Frith, observou a atividade em uma área do cérebro associada ao prazer de ser recompensado. Para isso, os pesquisadores pediam que voluntários ouvissem e dessem notas de 0 a 10 para músicas populares. Depois, a partir de imagens de ressonância magnética, observavam o fluxo sanguíneo do cérebro enquanto lhes eram apresentadas as opiniões de críticos musicais sobre as mesmas músicas.
Os voluntários do estudo, ao verem suas opiniões sobre música serem confirmadas por alguém – no caso, um “entendido” de música – mostravam grande atividade na região do chamado estriado ventral cerebral. O estriado tem grande importância no processo de aprendizagem e se ativa durante a formação de hábitos e na aquisição de habilidades. Ele também faz parte do sistema de recompensa do cérebro sinalizando para o resto do cérebro quando o indivíduo acaba de ser premiado, por exemplo.
Em um segundo estágio, os pesquisadores associavam fichas – iguais às usadas em jogos de carteado ou em cassinos – às músicas, e a atividade do estriado também se tornava mais ativa quando os participantes sabiam que iriam ganhar essas fichas se as opiniões deles fossem similares às dos críticos.
“Nosso estudo focou em como o cérebro responde de maneiras similares a ganhar uma recompensa real, mesmo quando ela é a concordância de outras pessoas. Uma interpretação é que a opinião positiva alheia é tão satisfatória quanto outras situações mais básicas – como ganhar uma quantia em dinheiro, por exemplo”, diz Daniel Campbell-Meiklejohn, outro pesquisador envolvido no estudo.
A opinião alheia
Em outro teste, os pesquisadores permitiam que, após ouvir opiniões de experts, os voluntários mudassem suas notas sobre as músicas. A grande maioria das pessoas preferiu repensar suas opiniões, seguindo a opinião dos críticos. Mas o interessante é que quase 25% dos participantes preferiram discordar completamente da opinião apresentada e diminuíram as notas que eles haviam indicado inicialmente para determinadas músicas.
Naqueles que haviam concordado com a opinião dos críticos musicais – e aumentado as notas – as atividades cerebrais no estriado ventral eram as mais ativas. “Parece que não só a grande maioria das pessoas parece ser influenciada por opiniões alheias, mas isso também é passível de ser monitorado, por tecnologias de imageamento cerebral”, finaliza Frith.
informações do Wellcome Trust at UCL(University College London)
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