Ter o corpo definido é um dos principais desejos de grande parte da população, especialmente entre os jovens. Com objetivo de conquistar os tão sonhados músculos, sem ter de se dedicar anos a fio aos exercícios e à dieta balanceada, muitas pessoas se veem tentadas pelos milagres dos anabolizantes.
Apresentados por amigos ou até mesmo por instrutores que se fazem passar por especialistas no assunto, estes jovens sentem rapidamente os efeitos no espelho e logo propagam a outros colegas as maravilhas dos resultados.
Porém, cedo ou tarde os problemas começam a aparecer. E são prejuízos que vão desde a dependência psicológica até um ataque cardíaco fulminante.
Na opinião do cardiologista Paulo Celso Moreira, membro da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), não há milagres. “O ideal é a pessoa fazer musculação e ter uma dieta adequada. Para rendimento de crescimento muscular, proteínas e carboidratos associados à alimentação oferecem maior projeção ao treino, mas sempre sob orientação competente e sem exageros”, diz o cardiologista.
Segundo o Nabil Ghorayeb, especialista em Cardiologia e Medicina do Esporte e responsável pela Seção de Cardiologia do Esporte do Hospital do Coração (HCor), o aparelho cardiovascular é uma das vítimas do uso indiscriminado destas substâncias.
Além de hipertensão arterial, ocorre um aumento das gorduras LDL (colesterol ruim) e diminuição importante do HDL (colesterol bom) que chega cair até níveis de 14 mg% (o normal é acima de 40 mg%). Os muitos enfartes do miocárdio em usuários de anabolizantes têm ocorrido devido a isso.
O crescimento exagerado e anormal do coração é outro efeito terrível, em curto período de tempo. “No nosso serviço registramos seis levantadores de peso usuários de anabolizantes que tiveram complicações circulatórias antes dos 30 anos”, afirma Ghorayeb.
Perigo nas academias
Nas academias, seu uso provavelmente é ainda mais frequente. Um dos motivos é o acesso fácil. “A garotada não tem ideia do risco que está correndo comprando anabolizantes de forma ilícita, muitos deles de uso veterinário, tomados literalmente em doses cavalares”, ressalta Ghorayeb.
Outros efeitos do uso de anabolizantes são a atrofia dos testículos, dos ovários e alto risco de câncer de fígado. “Mesmo depois de sofrer um enfarte, um dos fisiculturistas atendidos dizia que continuaria usando porque aquilo era a vida dele”, conta o especialista.
Com esse tipo de exemplo, o melhor é que os pais de adolescentes estejam sempre atentos. “Todo crescimento acelerado de musculatura deve ser investigado. O problema não é virtual, pode causar graves doenças crônicas e até impotência”, alerta.
O especialista também sugere aos médicos que abordem mais o tema com seus pacientes desta faixa etária mais suscetível. “Deve haver explicação e elucidação. Temos de explorar mais a questão em consultório, pois estamos em condição de informar a população de forma correta”.
Anabolizantes e os atletas profissionais
Uma das principais características dos usuários de anabolizantes é não admitir o uso da substância. Isto se torna um problema, principalmente em relação a atletas profissionais.
“Mesmo informados sobre os riscos, os brasileiros são famosos por achar que nada causará problema”, diz Ghorayeb. “Prova disso é o aumento vertiginoso de casos confirmados de doping. Em 2009 batemos o recorde em detecção de doping no Brasil, com mais de 30 atletas pegos em testes que confirmavam o uso de anabolizantes”. Nestes testes também são flagrados os que fazem uso de diuréticos, que embora não condenem o atleta, estão relacionados aos anabolizantes, pois mascaram seu uso.
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