Já é consenso que as crianças não devem ser expostas a mais do que duas horas por dia às mídias eletrônicas, e isso inclui não só a TV, mas também videogames, DVDs e o uso do computador para atividades não escolares.
Atingir essa meta nem sempre é uma tarefa fácil para os pais, mas um estudo recém-publicado pelo periódico oficial da Academia Americana de Pediatria aponta que quando os pais determinam regras consistentes para o uso dessas mídias, fica mais fácil conseguir que as crianças não excedam o limite.
Os pesquisadores estudaram o comportamento de mais de 7 mil crianças americanas com idades entre 9 e 15 anos, especialmente quanto ao tempo dedicado em frente às telas eletrônicas, regras impostas pelos pais e o nível de atividade física. Os pais também foram interrogados quanto à frequência que determinavam limites às crianças.
Os resultados revelaram que mais de 27% das crianças excediam o tempo de duas horas de mídia por dia, sendo que os meninos, crianças negras e de menor renda familiar e aquelas que tinham TV por assinatura em casa tinham uma tendência maior em ultrapassar o limite. Entretanto, o estudo demonstrou que as crianças que assumiam que os pais determinavam limites para o uso da TV e outras mídias eletrônicas apresentavam menos chance de exceder as duas horas diárias. Além disso, as crianças que eram mais envolvidas em atividades físicas passavam menos tempo em frente às telas eletrônicas.
Essa pesquisa sugere que iniciativas que encorajem os pais a definir limites e que estimulem a prática de atividade física podem ser efetivas para a redução da exposição às mídias eletrônicas entre crianças de 9 a 15 anos de idade. O limite de duas horas tem sua razão de existir, já que crianças muito expostas ao vídeo têm um pior desempenho escolar, maior chance de comportamento agressivo e iniciação sexual precoce, assim como uma maior tendência a sobrepeso, obesidade, transtornos alimentares e hipertensão arterial. Vale lembrar que quando os pais dão o exemplo, é mais fácil atingir qualquer objetivo com as crianças.
Por Ricardo Teixeira
Doutor em neurologia e pesquisador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Dirige o Instituto do Cérebro de Brasília e é o autor do Blog “ConsCiência no Dia-a-Dia”.
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